Quando Mohammed Abu Rdan nasceu, há 10 anos, começavam os primeiros protestos contra o presidente Bashar al-Assad, na Síria. A repressão militar contra os manifestantes deu início ao conflito generalizado, que se transformou na guerra que já destrói o país há uma década. A ONU calcula que pelo menos 500 mil pessoas morreram e milhões deixaram suas casas ao longo desse período
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Sem ter o direito a uma infância normal, Mohammed acabou se tornando a única fonte de sustento para o pai, que não pode trabalhar devido a uma doença cardíaca, a mãe e as três irmãs. Eles vivem em uma barraca em um campo de refugiados no norte de Aleppo, província que fica na fronteira com a Turquia
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Segundo a Unicef, o fundo da ONU para a infância, 90% das crianças da Síria precisam de assistência humanitária, um crescimento de 20% em relação ao ano passado. Com dez anos de guerra, quase 2,45 milhões de crianças na Síria e outros 750 mil que tiveram de deixar o país estão sem estudar, de acordo com o órgão
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Para se proteger do frio inverno da Síria, que além das baixas temperaturas tem chuvas torrenciais e neve, Mohammed precisou aprender a manejar o fogareiro com botijão de gás e faz chá para toda a família como se fosse um adulto
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“Nós tínhamos uma casa e eu ia para a escola todos os dias, Então precisamos vir para cá eles destruíram tudo, a nossa casa e a escola”, conta o menino. A vila de Masharyoun, onde ele vivia, foi retomada por tropas leais a al-Assad, ajudadas pela Rússia e milícias apoiadas pelo Irã. A família, no entanto, está em um acampamento numa área controlada por rebeldes ajudados pela Turquia
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Mohammed acorda todos os dias às 6h e sai do acampamento para ir até a fábrica onde trabalha, que fica a cerca de 10 quilômetros do local
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Chegando à estrada, ele sempre tenta uma carona para ir até a fábrica, mas nem sempre é possível
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“Se ninguém para na estrada, acabo indo a pé mesmo. Fico na fábrica até anoitecer, depois volto para casa e só consigo comer, deitar e dormir”, conta o menino
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Mohammed passa o dia separando e embalando esponjas de aço na fábrica. Trabalhando 10 horas diárias, ele consegue ganhar 100 liras turcas (o equivalente a US$ 13 ou R$ 73) por mês. O dinheiro é turco por causa dos rebeldes que controlam a região. Essa é toda a renda da família
Segundo a Unicef, mais de 75% de todas as violações graves contra crianças registradas na Síria em 2020, incluindo assassinatos, mutilação, recrutamento para lutar, violência sexual e ataques contra escolas, aconteceram na região noroeste do país. Em um conflito herdado dos adultos e que parece não ter fim, as novas gerações são as mais vulneráveis
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